Coronavírus. É impossível não começar a escrever qualquer coisa sobre a minha experiência de Erasmus sem esta palavra que está a ter tanto impacto em todas as nossas rotinas e vivências. Mesmo com a contrariedade que é esta pandemia, decidi fazer o programa de intercâmbio. Porquê?! Porque sempre quis ter esta experiência; sentir o que seria sair da minha zona de conforto, morar sozinho e ter que me organizar totalmente por minha conta, para não falar das pessoas e dos locais que ansiava conhecer. Felizmente, passado um mês e meio da minha estada em Cracóvia, posso dizer que não me arrependo nada da decisão que tomei e aconselho qualquer um a não ter dúvidas de que, mesmo com o vírus “à solta”, Erasmus continua a ser uma experiência fenomenal!
Quando cheguei à Polónia, a meio de setembro, deparei-me ainda com o bom tempo e com as poucas restrições relacionadas com a Covid, quando comparado com o Portugal. Durante praticamente um mês, com quase total liberdade, conheci inúmeros locais, visitei fortalezas e museus e deslumbrei-me com paisagens naturais. Todavia, pouco depois, começaram a ser impostas medidas mais restritivas: as saídas à noite e discotecas foram substituídas por festas em casa e saídas mais casuais durante a tarde; as aulas passaram a ser exclusivamente online – mesmo apesar de a maioria das turmas ter cerca de dez alunos.
Na última semana foi então decidido pelo governo polaco que todos os estabelecimentos fechariam totalmente, exceto supermercados, hospitais e estabelecimentos de necessidades primárias. Como é óbvio, medidas destas prejudicam a dita “normal” experiência Erasmus; mas mesmo tendo em conta todas as adversidades, tentamos aproveitar ao máximo: visitamos locais que se encontram acessíveis e países para os quais seja permitido viajar sem ser necessário fazer quarentena; promovemos a multiculturalidade do grupo, aprendendo a cozinhar uns com os outros ou a trocar/ensinar palavras das nossas línguas nativas. Temos, inclusive, participado em várias das enormes manifestações que têm vindo a decorrer pela cidade de Cracóvia, contra os atentados do governo polaco aos direitos das mulheres.
É claro que, quem escolhe fazer Erasmus este ano, vai ter uma experiência diferente de todos aqueles que a tiveram no passado, mas isso não implica que não se divirtam e que aproveitem, isso posso garantir. Tenho a certeza que levarei este semestre para o resto da minha vida, especialmente por todas as pessoas que já conheci e ainda vou conhecer e pelos locais que já visitei e que ainda tenciono visitar.
Se estão na dúvida de fazer ou não Erasmus, experimentem! Se não gostarem podem sempre voltar para Portugal, ninguém vos irá julgar por isso e ficam sempre com memórias de uma experiência diferente.
Texto: Sandro Alípio