Madalena Rodrigues, 20 anos, está a terminar a licenciatura em Geografia e Planeamento Regional, na NOVA FCSH. No seu último semestre, preferiu optar pelo estágio curricular, em substituição de uma das Unidades Curriculares mais convencionais.
Em que entidade te encontras a fazer o teu estágio curricular e em quê que consiste? Que razões te levaram a escolher esta mesma entidade?
Encontro-me a estagiar na Câmara Municipal de Sintra, no Gabinete do Plano Diretor Municipal. Este estágio têm a duração de cerca de três meses e meio, sendo que já vou no segundo mês.
Concorri a três entidades e fui selecionada em todas. Acabei por escolher a Câmara Municipal de Sintra, porque, de entre todas, foi a que me suscitou mais curiosidade, depois de ao longo dos dois primeiros anos de faculdade, termos abordado o concelho em diversas Unidades Curriculares, como por exemplo, em Metodologias do Planeamento Territorial (com a Professora Margarida Pereira), ou Planeamento Regional e Urbano (com o Professor João Seixas). Queria passar da teórica para a prática. A prática é bem mais complexa, mas muito mais cativante.
Neste momento estamos na fase de “Execução, Financiamento, Monitorização e Avaliação do Plano”(Vol.V do PDM). Iniciei com a delimitação de áreas livres e expectantes e, após um período de revisões em equipa, passei agora no mês de abril, para a Priorização de Unidades de Execução.
Sintra é um exemplo de território em prosperidade, diversidade territorial e multicultural e isso é simultaneamente desafiante. É o segundo maior concelho do país a nível populacional com cerca de 386 mil habitantes e também o segundo maior município do país em população jovem, com cerca de 100.000 habitantes com menos de 25 anos, com uma área de, aproximadamente, 319 km2.
Em plena pandemia e com a imposição do ensino à distância, em que moldes estás a fazer as horas inerentes ao estágio?
A pandemia, apesar de manter tudo à distância, foi uma mais valia no decorrer do meu estágio curricular. Resido a 30 minutos de Lisboa e não seria fácil conjugar aulas e estágio presencial. Neste momento, estou a desenvolver um trabalho sobre a priorização das Unidades de Execução para o concelho, em colaboração com a equipa do Gabinete do PDM. Temos reuniões de coordenação semanais com o Coordenador do Gabinete, o Arqt. Tiago Trigueiros, e reuniões intercalares com a equipa coordenada pela minha orientadora de estágio, a Dra. Sónia Barreira, nas quais distribuímos trabalho, trocamos opiniões e reformulamos tarefas.
Uma vez que tenho pouca carga horária na faculdade, consigo também dedicar muito tempo às tarefas que me são atribuídas e ainda ter algum tempo livre, o qual seria nulo com todas as deslocações que faria, caso estivéssemos em modo presencial.
Para além disto, tive – e tenho – a sorte de integrar uma equipa fantástica que me recebeu muito bem e sempre apresentou disponibilidade para me acompanhar e ajudar em todos os processos. Apesar de não os conhecer pessoalmente até ao momento, tenho em consideração toda a estrutura e um muito bom feedback, tanto da equipa, como da sua organização, enquanto Câmara Municipal de Sintra.
Quais os principais desafios com que te deparas?
O meu desafio é diário. Tenho sempre medo de não corresponder ao que me é pedido e, principalmente, de falhar. Mas, como otimista que sou, tento e consigo superar todos os obstáculos que vão surgindo. No entanto, consigo destacar dois deles: o primeiro foi conseguir o “à vontade” no uso da palavra e no discurso; o segundo foi pormenorizar o conhecimento do território. Apesar de ter uma ideia generalizada do território de Sintra, tive de aprofundar conhecimentos e interiorizar os eixos e objetivos estratégicos.
O que tiras desta experiência? Que mais valias e capacidades destacas?
Em primeiro lugar, o crescimento pessoal. Esta experiência incentivou-me a aumentar o sentido de responsabilidade e a apostar e confiar mais nas minhas capacidades, a todos os níveis. Em segundo, desenvolvi um gosto especial pela temática das Unidades de Execução e pela estipulação dos seus critérios. Um território é uma junção de complexidades e para estipularmos mudanças é preciso analisar diversas componentes – económicas, políticas e sociais. Para além disto, numa vertente de utilização de Sistemas de Informação Geográfica, coloquei em prática a delimitação de áreas específicas numa determinada localidade, seguindo-se análises espaciais mais complexas e fundamentais na análise dos resultados.
De que forma consideras que o estágio curricular complementou a tua formação académica? Na tua opinião, mais do que uma escolha, deveria ser algo obrigatório na licenciatura, inclusive?
Como já referi, queria aplicar na prática o que tenho vindo a aprender na teórica. Enquanto aluna, nunca consegui decorar; ou associava a matéria a um caso prático ou simplesmente não se associava a matéria na minha cabeça. Desta forma, queria experimentar o mundo do trabalho na área da Geografia, e esta pareceu-me uma excelente oportunidade para isso mesmo!
Ter optado pelo estágio curricular foi a melhor opção que poderia ter tomado. Não só está a complementar a minha formação académica, como também me está a preparar para situações que me poderão acontecer num futuro muito próximo – que incluem trabalho de equipa, confronto de opiniões, distribuição de tarefas por áreas específicas, entre outros.
Relativamente à possibilidade de ser uma componente obrigatória na formação do aluno, a minha perspetiva é um pouco ambígua. Penso que o facto de ser facultativo, obriga os alunos a serem eles próprios a procurar uma entidade e a desenvolver interesse pelo mundo do trabalho. Sendo obrigatório, penso que se poderia perder um pouco essa motivação e esforço individual. Mas claro, ganharíamos todos uma perspetiva de experiência profissional que nos iria ajudar a perceber se, de facto, gostamos da área em que nos inserimos. Estaríamos realmente mais preparados para o mercado de trabalho.
Respostas: Madalena Rodrigues
Foto: Madalena Rodrigues