Atendendo às previsões das Nações Unidas, espera-se que, em 2050, 75% da população mundial resida em áreas urbanas, o que levanta questões sobre a forma como as cidades estão a ser planeadas para dar resposta às atuais e novas dinâmicas urbanas. Algumas tendências têm vindo a sugerir a densificação das cidades, contrariando o modelo disperso, implementado desde a revolução do automóvel. Esta densificação que promulga o crescimento vertical das cidades, em conjunto com um sistema de transporte apropriado, com redes de energia eficientes e espaços verdes, permitem um maior aproveitamento das cidades por parte dos seus habitantes, ao mesmo tempo que acarretam menores custos ambientais e económicos. Assim sendo, é necessária e urgente uma reflexão ao edificado existente e ao futuro das cidades como elementos potenciais para melhorar a qualidade de vida dos habitantes – especialmente ambiental e social – no curto e médio prazo,.
O impacto ambiental do meio urbano é elevado; fortemente derivado do elevado consumo energético dos setores comerciais e residenciais, que contribuem para o aumento das emissões dos designados gases de efeito estufa (GEE). As cidades compreendem apenas o 2% do total da área da superfície do planeta, sendo responsáveis, no entanto, por 70% das emissões de GEE, sendo que, 30% desse valor provém das edificações (1). Como caso exemplar, o Empire State Building (ESB) em Nova Iorque, EE.UU., iniciou um projeto de “retrofit” ou modernização, o qual pretende ser um investimento com retorno diminuindo o consumo de energia e as emissões de GEE (2). Este projeto de “retrofit” do ESB é, numa visão mais alargada, o que poderia vir a acontecer com os edifícios já construídos nas várias cidades do mundo; são estes avultados investimentos no presente que trazem retornos importantes no futuro, principalmente no âmbito ambiental e económico.
Adicionalmente às reformas aos já edifícios existentes, as novas construções devem respeitar o direito do ambiente e responder às questões sociais presentes e futuras. Algumas tendências designam os edifícios de grande altura como a solução a futuro para os grandes desafios sociais e ambientais previstos, como é exemplo o caso do “The Agora Garden” em Taipei, Taiwan, China. Este edifício de vinte andares é visto como um organismo vivo que pretende reduzir o aquecimento global, proteger a natureza e diversidade, proteger o meio ambiente e qualidade de vida, e gerir os recursos naturais e de resíduos (3). Assim, tal como este exemplo, as futuras edificações deverão ter uma abordagem holística no seu desenho, que permita vê-los como ferramentas de transformação não apenas económicas, como também ambientais e sociais.
Para além dos modelos de densificação das cidades, torná-las mais eficientes requer individualizar os elementos que as compõem para identificar as causas e propor soluções transversais. Nas nossas próprias cidades existem elementos necessários para fazer delas as cidades “sonhadas”; é unicamente necessário sermos conhecedores do seu potencial e dos seus limites, comportando-nos como cidadãos responsáveis e conscientes. Tal como disse Anthony M. Townsend, no seu livro Smart Cities, “don’t forget that at the end of the day the smartest city in the world is the one you live in. If that’s not worth fighting for, I don’t know what is”.
Autor: Sofía Botero Nieto
Referências Bibliográficas
- National Geographic (2017). Green Buildings Could Save Our Cities. Urban Expeditions. Disponível em: https://www.nationalgeographic.com/environment/urban-expeditions/green-buildings/benefits-of-green-buildings-human-health-economics-environment/. Consultado em: 16 de janeiro de 2020
- Campbell, I et. al. (n. d.). Empire State Building Case Study: Cost-Effective Greenhouse Gas Reductions via Whole-Building Retrofits: Process, Outcomes, and What is Needed Next. Empire State Building Sustainability. Disponível em: https://www.esbnyc.com/sites/default/files/ESBOverviewDeck.pdf. Consultado em: 16 de janeiro de 2020;
- Vincent Callebaut Architectures (2017). TAO ZHU YIN YUAN: Carbon-absorbing green tower, Taipei 2010-2018, Taiwan. Disponível em: http://vincent.callebaut.org/object/110130_taipei/taipei/projects/user. Consultado em: 16 de janeiro de 2020.