Desde pequeno que os meus pais se adaptavam e geriam os recursos para podermos fazer uma coisa que tanto prazer e enriquecimento mental nos dava: viajar. Algo inexplicável e pouco fácil de replicar no papel, apenas se sentia ao pisar o solo, a sentir os cheiros do local, a olhar para as gentes que aí habitavam…resumidamente, a sentir todas as sensações possíveis num oceano de conhecimento.
Com 18 anos na altura, decorria o ano de 2019, ano que a nível pessoal foi uma mistura de sentimentos, um turbilhão de emoções e desafios fortes. Estávamos em abril deste mesmo ano, e eu prestes a concretizar um sonho antigo – conhecer o Norte de África. Este amor nasceu aos 12 anos, quando tomei conhecimento, na escola, da civilização egípcia – civilização essa marcada pela ostentação da riqueza, do requinte, do charme, do belo, do significado histórico e do próprio poder do Homem. Quem se esquece das pirâmides do Egito ou dos faraós?! Acho que ninguém. A partir desta altura, comecei a ganhar o gosto pela descoberta e mergulhei nos livros e na Internet à procura de locais que me chamassem à atenção: Egito, Argélia, Tunísia, Líbia e Marrocos.
Como os últimos costumam ser os primeiros, foi exatamente aqui que a aventura começou; aventura essa que partilhei com os meus amigos, colegas e professores. Começou por um país encantador, recheado de história e tradições, de uma heterogeneidade de povos, marcado por uma grande devoção religiosa e boa gastronomia (ao contrário do que pensava). Contudo, existiram imagens que me tocaram, imagens essas que não me saem da memória, pela marca da verdade que traziam. Não eram imagens dos grandes monumentos ou da ostentação do luxo, eram sim daqueles vendedores que regateavam os preços para tentar vender tudo e mais alguma coisa; talvez porque entre não ter nada para levar para casa e ter pouco, compensava mais levar o pouco.
Para além disto, algo que não me sai, também, da memória foi presenciar as tentativas de entrada na fronteira de Ceuta – especialmente por crianças e jovens – que ali viam um canal para começarem uma vida nova, que lhes garantisse condições de vida mais dignas do que aquelas que tinham
É sempre importante recordar, não fosse o ditado dizer “recordar é viver”, e deste modo queria deixar algumas sugestões de locais a visitar, como por exemplo: a Mesquita de Casablanca, dedicada a Hassan II, a cidade de Marraquexe com a sua praça Jemaa el-Fna, praça essa que concentra cultura, história, requinte e claustrofobia tudo num único local, a presença portuguesa em Modagor ou Essaouira e o labirinto de Fez.
Marrocos, foi, de facto, um país que tanto me encantou e do qual ainda tenho tanto por descobrir. O meu conselho é: viajem, porque viajar faz-nos absorver a realidade, pensar sobre o que nos rodeia; abre-nos novos horizontes e permite-nos contactar com o que está fora da nossa zona de conforto.
Texto e foto: João Esquetim