Obrigado, professora!

No meio do cenário cinzento em que vivemos, o mundo tornou-se ainda mais escuro! GPR e a NOVA FCSH estão de luto pela perda de um membro da “família”: a professora Ana Firmino deixou-nos! Quando voltarmos à FCSH, não voltaremos cruzar-nos com ela nos corredores do departamento e as aulas de DER e Desenvolvimento Sustentável não serão, de certo, as mesmas. Em março, quando nos deu a sua última entrevista, falou connosco sobre os princípios que desde cedo defendeu e, pelos quais, regia ao máximo os seus comportamentos e a sua vida. Dizia: “Eu espero estar a deixar por aí algumas sementes úteis para o futuro, mas quando é que elas vão germinar, não sei!” E deixou, por certo.  A professora era uma pessoa com quem era fácil falar. Lutava contra a demagogia do sistema e as suas aulas eram diferentes: eram dadas de forma a que levássemos conhecimentos para a vida e não apenas para a frequência! Aliás, conhecimentos com que podíamos, de facto, mudar a nossa vida. Incentivou-nos a ser mais proativos, a pensar por nós próprios e a repensar as nossas escolhas diárias, porque, num mundo concentrado no seu umbigo, a mudança tem de começar por cada um de nós. Ensinou-nos a apreciar os pequenos pormenores que a natureza nos oferece e que a tornam mágica; ensinou-nos a descobrir as oportunidades que a nossa própria comunidade dispõe e que nos permitem alcançar o tão desejado desenvolvimento sustentável; ensinou-nos que a sustentabilidade vem, antes de mais, do estilo de vida que levamos – de uma vida mais simples, mais feliz, mais real. E a sua vida moldava-se a estes mesmos princípios e valores que tanto defendia. Mesmo que, por vezes, discordássemos da sua opinião, a professora Firmino vivia à luz do que apregoava nas aulas, sem hipocrisias e rodeios. Sem saber, só isso, por si só, era já uma “semente” pronta a germinar. 

Hoje, cada um em sua casa, ainda que incrédulos, estamos distantes do ainda maior turbilhão de emoções que seria se estivéssemos na Avenida de Berna. Tristes com a sua perda, não nos é permitido prestar a homenagem que gostaríamos. Resta-nos apenas relembrar momentos, frases ou aulas e acreditar que partiu em paz. Resta-nos apenas dizer: obrigado por tudo, professora! 

 

 

“Nós podemos sensibilizar-vos para a necessidade de se precaverem em relação ao vosso futuro. É isto que eu tento fazer. Só isso, mais nada. O  trabalho tem de ser vosso!” (Entrevista Ana Firmino, março 2020)